domingo, 13 de novembro de 2011

FOUCAULT 10, CHOMSKY O


Foucault é um animal bonito, um raro exemplar humano miraculosamente saído da sopa humana que por vezes mais parece uma lavagem de porcos. Admiro-o pela coragem de pensar até àquele limiar em que a metafísica e a fome, a ética e a necessidade, se confundem, deixando perdidos os que ainda precisam dos absolutos que a nossa história produziu: deus, políticos, moral de picha-mole. Estou a simplificar, claro, porque não existe sujeito sem poder, e daí a observação de Foucault relativamente à crença de Chomsky quanto à possibilidade ou obrigação de pensarmos uma sociedade futura justa: não podemos pensar uma sociedade futura justa porque se o fizéssemos estaríamos a fazê-lo com os conceitos de justiça (e outros) que temos e que são o resultado de um jogo de poder de que nos adveio uma subjectividade particular e historicamente determinada [mas podemos resistir ao poder]. Este breve (mas elucidativo) excerto do debate com Chomsky dá pra ver a distância a que Foucault deixa o seu interlocutor, um moço americano simpático, culto, bem-intencionado e ingénuo, à procura de universais e da natureza humana.

1 comentário:

Anónimo disse...

tás a ver, és uma sortuda ;)