quinta-feira, 3 de novembro de 2011

LA HABANA (quaselírica para um personagem de Nicolas de Crécy)




Ela perdeu o seu amor, talvez por ser míope (o amor via bem).

Então, ela começou a demorar-se nas sombras, a auscultar-lhe os cuidados (as mãos adivinhavam tudo).

O avançar da miopia trazia-lhe figuras recortadas (tinha vontade de nela meter os pés, como se fosse uma louca).

Era louca, afinal (sorriu e pensou no tal país que nunca veria, um país onde se fumava muito e bebia mojitos) porque acreditava cegamente nas coisas que já não conseguia ver.

Essas coisas – diziam os homens da família (nobres desengonçados e princesas do caruncho) – “são almas que rodopiam em danças daninhas, e que a pretexto delas se esforçam por muito conseguir”.

Ela desentendeu. Abriu as pernas e a visão toldou-se de vez.  

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