Ela
perdeu o seu amor, talvez por ser míope (o amor via bem).
Então,
ela começou a demorar-se nas sombras, a auscultar-lhe os cuidados (as mãos
adivinhavam tudo).
O
avançar da miopia trazia-lhe figuras recortadas (tinha vontade de nela meter os
pés, como se fosse uma louca).
Era
louca, afinal (sorriu e pensou no tal país que nunca veria, um país onde se
fumava muito e bebia mojitos) porque
acreditava cegamente nas coisas que já não conseguia ver.
Essas
coisas – diziam os homens da família (nobres desengonçados e princesas do
caruncho) – “são almas que rodopiam em danças daninhas, e que a pretexto delas
se esforçam por muito conseguir”.
Ela
desentendeu. Abriu as pernas e a visão toldou-se de vez.
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