AUTOCOMISERAÇÃO
[texto de Rogério Soares]
Um passeio pelas redes sociais,
esse intrépido passatempo moderno, e logo me deparo pensando em como as pessoas
andam modestas. Em todos os lugares das redes elas se confessam a todo
instante, politicamente desinteressadas, inteligentemente deficientes, indignas
ou incapazes de realizarem qualquer coisa. Ninguém crê ou tem convicção de nada,
a não ser de sua própria imperfeição. Elas se vêem sempre como mutiladas. Frases
como: “o primeiro desejo da inteligência é desconfiar dela mesma” ou “é preciso
coragem para ser imperfeito”, seguido, do clichê socrático, “só sei que nada
sei” e “preferia ser um burro para não sofrer tanto”, entulham os perfis ou se
somam às mensagens diárias que as pessoas enviam umas às outras. Ninguém quer
parecer auto-suficiente. Nos dias atuais isso soa indigno. Vai daí que as
coisas andem tão pantanosas como estão. Ninguém tem a mínima convicção de nada.
Andam todos em círculos esperando a voz de um líder que os indique o caminho.
Com tantas trilhas abertas eu me pergunto o que estão todos ainda esperando
para se enfurnarem em uma delas. Sigam as picadas ou desbravem rotas
alternativas. Parem de ler manuais de auto-ajuda.
[texto de Rogério Soares]
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