segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O “ARTISTA”, HOJE


Agora somos todos DJs (disc-jockeys) e VJs (video-jockeys). Já não temos a necessidade de criar alguma coisa (no sentido de criar vigente até ao início da internet popular, e que exigia uma dose de originalidade*; no ready-made de Duchamp ainda havia o esforço de legendagem, agora até disso se prescinde); basta-nos escolher a foto ou a piada ou o texto que queremos que os outros vejam no Facebook e congéneres e pronto: se as pessoas gostarem dão-nos os parabéns (isto é, curtem e laikam-nos). [*Também podíamos dizer que o conceito de originalidade se transformou numa função-selecção]

Somos seleccionadores e respigadores e é assim que nos tornamos úteis na hiper-realidade. Há pessoas que têm blogs onde se limitam a pôr objectos de outros (músicas e fotos, e também textos) e acham isso normal. (E é normal). Querem partilhar os seus gostos e por vezes são generosas. Acho que pensam que podem contribuir para melhorar a humanidade através da difusão de boa música e boas fotos, acreditando velozmente numa contaminação entre ética e estética.

Somos, no mundo virtual, como taxistas que não cobram pelos seus serviços.

Hoje o DJ/VJ traz duas versões de “Pale Blue Eyes”, a original dos The Velvet Underground e a cantada pela menina Marisa (ando com a mania de confrontar versões da mesma música mas isto passa): 


2 comentários:

Carla disse...

A partilha do que é dos outros não será também uma atitude humilde?

Anónimo disse...

rapariga simples: eu acho que é uma vontade de comunicar/mostrar o que somos, mais do que o que são os outros.