sábado, 15 de outubro de 2011

FILOSOFIA E "FRESCURA": "que alguém olhe para mim e veja o meu corpo, ao invés de se esforçar pra ver a minha alma". Falou!

[texto de Alicia]


Tem momentos em que não caibo no meu corpo. Fica tudo desengonçado. Se me mexo, esbarro em objetos e derrubo coisas. Se não me mexo, esbarro em mim mesma e derrubo-me toda. Palavras dizem coisas erradas. Silêncios gritam coisas esquisitas. Tudo fora do lugar. Cadê a minha faxineira? Tá abandonada, bêbada, em algum canto meu. E em mim, uma bagunça interior, que só vendo. Tudo fora do lugar. Sentimentos esparramados, demandas escorrendo. Alguém me ajuda, alguém me ama, alguém me adora, alguém... me dá uma bronca, por favor? E às vezes é só disso que eu preciso. Que alguém me olhe firme e não entre nesse meu joguinho de seduzir a todos e todas. Que alguém olhe pra mim e veja o meu corpo, ao invés de se esforçar pra ver a minha alma. Que alguém me pegue de jeito, e me tire o jeito. Que alguém me roube o ar e me deixe encabulada. Porque vezououtra eu engulo uma coroa e acho que sou a rainha da cocada preta. Mas é tudo dramatização, é tudo faz-de-conta, é tudo mentirinha. O que eu quero de você é bem simples. O que eu quero da vida é bem pouco. Não que eu saiba o que é que eu quero, longe de mim! Mas sei que é simples. E talvez por medo de conseguir, e talvez pra florear, e talvez pra dar um tanto de emoção, e talvez porque não sei-de-nada, eu complico. Quer facilidade, bem? A solidão tá aí pra isso. Tô aqui pra complicar a sua vida. Porque complicar só a minha é fácil e insuficiente.


[texto de Alicia]

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