Agora somos todos DJs (disc-jockeys) e VJs
(video-jockeys). Já não temos a necessidade de criar alguma coisa (no sentido
de criar vigente até ao início da
internet popular, e que exigia uma dose de originalidade*; no ready-made de Duchamp ainda havia o
esforço de legendagem, agora até
disso se prescinde); basta-nos escolher a foto ou a piada ou o texto que
queremos que os outros vejam no Facebook e congéneres e pronto: se as pessoas
gostarem dão-nos os parabéns (isto é, curtem e laikam-nos). [*Também podíamos
dizer que o conceito de originalidade se transformou numa função-selecção]
Somos seleccionadores
e respigadores e é assim que nos
tornamos úteis na hiper-realidade. Há
pessoas que têm blogs onde se limitam a pôr objectos de outros (músicas e fotos, e também textos) e acham isso normal.
(E é normal). Querem partilhar os seus gostos e por vezes são generosas. Acho
que pensam que podem contribuir para melhorar a humanidade através da difusão
de boa música e boas fotos, acreditando velozmente numa contaminação entre ética
e estética.
Somos, no mundo virtual, como taxistas que não cobram
pelos seus serviços.
Hoje o DJ/VJ traz duas versões de “Pale Blue Eyes”, a
original dos The Velvet Underground e a cantada pela menina Marisa (ando com a
mania de confrontar versões da mesma música mas isto passa):
2 comentários:
A partilha do que é dos outros não será também uma atitude humilde?
rapariga simples: eu acho que é uma vontade de comunicar/mostrar o que somos, mais do que o que são os outros.
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